Quem dá aulas (e somente quem dá aulas) sabe que esse é o lugar do inesperado, misto de alegria e descontentamento, de sobressaltos e surpresas. Um ano nunca é semelhante ao outro, uma turma jamais é igual à outra e uma mesma sala varia de aula para aula, muitas vezes, com o mesmo professor. É por essas e outras que lecionar, especialmente para adolescentes, é um dos trabalhos mais desgastantes que existem.
Esta semana, mais uma vez, vivenciei essa realidade com meus alunos.
Por um lado, experimentei o gostinho amargo da falta de empenho para fazer as atividades propostas: muita divagação, muita conversa, mesmo numa sala em que temos um relacionamento amistoso e os alunos são afetuosos. O agravante é o que essa falta de concentração pode acarretar para o (não)desenvolvimento deles, no que diz respeito à expressão escrita - sabe aquelas "pérolas" que circulam pela internet, com deslizes ortográficos de arrepiar e falta de coerência? Pois então... é disso que estou falando. E já que trabalhamos de maneira bastante séria com leitura e produção escrita, fazendo apontamentos e levando os alunos a refletirem sobre adequação e correção, a concentração na hora dos comentários e no momento da revisão é fundamental.
Após muita conversa, chamar a atenção em particular, mudar alguns de lugar... não houve jeito: semelhante a filhos, que chega um momento em que os pais têm que cortar privilégios, adeus Show de Talentos - para esta sala, haverá aula normal.
Por outro lado, nesta mesma semana e nesta mesma turma, pude sentir o imenso prazer de vê-los produzindo textos muito criativos, dentro de uma proposta dada. Isso, é claro, após um longo trabalho de leitura e motivação. Escreveram crônicas ótimas, umas reflexivas e outras humorísticas. E eles (isso é o melhor de tudo!) sabiam o que estavam fazendo, desde o gênero, crônica, até que estratégia estavam usando - neste caso, semelhante ao escritor Ivan Ângelo, falaram de coisas do dia a dia como se estivessem dando uma receita.
Para quem, por natureza, é apaixonada por produção de textos, já viu... foi delicioso ver o orgulho nos olhos deles ao ler os textos que eles mesmos produziram, a originalidade e criatividade em suas palavras. Com certeza, as crônicas irão para o mural da escola, digitadas, bonitas, com o nome de cada autor.
Escola é assim mesmo... cheia de sustos e alegrias. E a gente vai caminhando...
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