Edleuza



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"Há sol lá fora, há tanta coisa... O tempo bonito me lembra que preciso repensar minha vida, meu trabalho para o semestre que vem. O tempo faltante me remete ao inacabado, incompleto, não estou conseguindo nem viver, nem cuidar das minhas relações afetivas. O tempo se dissolve em minhas mãos, enquanto meu filho cresce. O tempo me lembra que não tenho tempo." (Sábado, 20/04/2019, cansada, repensando a vida.)


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Em minha casa, lá da infância, sempre fomos “nós” – pela subsistência, pelo trabalho, pelos estudos. Pai operário, mãe, cinco filhos. Todos nós começamos a trabalhar ainda adolescentes e soubemos, desde cedo, que o único caminho para quebrar o ciclo da pobreza seria estudar e estudar e estudar.

Com quase nada de recursos e muitas dificuldades, seguimos. Trabalho e estudo sempre somaram a mesma conta, responsabilidade e persistência eram palavras obrigatórias em nosso vocabulário. Cada um, a seu tempo, foi abrindo as portas que puderam ser abertas. Fizemos graduação e depois pós, mesmo alguns com filhos e trabalhando em tempo integral.

E a vida seguiu seu curso. Hoje, os filhos dos filhos de nossos pais podem vivenciar outra realidade e ter muito do que não tivemos. À segunda geração também foi ensinado o caminho da escola, alguns já se (pós)graduaram e continuam estudando.

Independentemente de tudo, estudar sempre exerceu um fascínio em mim. Vontade de saber sobre tanta coisa, especialmente no que se refere à língua, linguagem, comunicação, comportamento humano. Na verdade, tudo me encanta! Ou melhor, me encantava, até começar a compreender que quem tem a pretensão de saber sobre tudo acaba não sabendo (profundamente) sobre nada.

Sempre que tenho a oportunidade de entrar numa sala de aula para aprender algo, é uma alegria enorme. Volto no tempo. Vem, nesse momento, uma vontade imensa de ter uns trinta anos a menos e muito conhecimento a mais.

Acho admirável quando uma pessoa percebe, bem cedo, o valor que o conhecimento tem e se lança nesse universo com afinco, subindo degrau após degrau, até o nível mais alto do saber. Há os que defendem a ideia de que o aluno vá até certo nível (mestrado, por exemplo), depois dê um tempo da academia, para que possa adquirir um pouco de maturidade, e só depois venha a continuar. Certamente esse ponto de vista tem sua coerência, e respeito, não vou discutir isso aqui. Mas, a meu ver, é nesse “bem cedo” que se tem energia e vitalidade de sobra para encarar os desafios que uma boa formação pressupõe: horas e horas de leitura, pesquisa, aulas, eventos, publicações. É no “bem cedo” que, em condições normais, ainda se pode ser dono do seu tempo e de si - se preciso for, pode virar noite, emendar com o dia, e mais um dia, para dar conta de alguma urgência acadêmica e tudo bem.

Para ser sincera, se pudesse falar para alguém que está começando, eu diria “emende”! Aproveite esse tempo único e especial, mergulhe nos estudos enquanto a vida ainda é (praticamente) só sua. Faça graduação, mestrado, doutorado, pós-doutorado... Siga o fluxo, não pare – é meio alucinante, mas siga. Porque a pausa pode quebrar o ritmo, dentro do depois podem caber muitas coisas, inclusive, exatamente aquela que o impedirá de seguir adiante.

Do lado de cá, em que o “bem cedo” já se desfez há muito tempo e a vida anda meio arbitrária, com responsabilidades e imposições, ainda considero uma dádiva (e uma delícia) estudar.

Edleuza
Uma das melhores coisas da vida. Feliz de quem vive uma relação assim!...

Para que serve uma relação?

Uma relação tem que servir para você se sentir 100% à vontade com outra pessoa, à vontade para concordar com ela e discordar dela, para ter sexo sem não-me-toques ou para cair no sono logo após o jantar, pregado.

Uma relação tem que servir para você ter com quem ir ao cinema de mãos dadas, para ter alguém que instale o som novo enquanto você prepara uma omelete, para ter alguém com quem viajar para um país distante, para ter alguém com quem ficar em silêncio sem que nenhum dos dois se incomode com isso.

Uma relação tem que servir para, às vezes, estimular você a se produzir, e, quase sempre, estimular você a ser do jeito que é, de cara lavada e bonita a seu modo.

Uma relação tem que servir para um e outro se sentirem amparados nas suas inquietações, para ensinar a confiar, a respeitar as diferenças que há entre as pessoas, e deve servir para fazer os dois se divertirem demais, mesmo em casa, principalmente em casa.

Uma relação tem que servir para cobrir as despesas um do outro num momento de aperto, e cobrir as dores um do outro num momento de melancolia, e cobrirem corpo um do outro quando o cobertor cair.

Uma relação tem que servir para um acompanhar o outro ao médico, para um perdoar as fraquezas do outro, para um abrir a garrafa de vinho e para o outro abrir o jogo, e para os dois abrirem-se para o mundo, cientes de que o mundo não se resume aos dois.

Dráuzio Varella
2013
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