“Dia das Mães e Dia dos Pais.
Datas especiais criadas para homenagear talvez as duas figuras mais importantes
na vida de uma pessoa. Se para muita gente a data marca almoços em família e
dias de rever fotos, para outras a data tem um significado especial: é hora de
lembrar aqueles que não têm laços sanguíneos, mas cuidam, nutrem e educam como
verdadeiros pais.
É o que a E. E. Alvino Bittencourt, na capital,
faz. Ao invés de 'Dia das Mães' ou 'Dia dos Pais', as datas comemorativas têm o
nome de 'Dia de Quem Cuida de Mim' e busca homenagear todos aqueles que, direta
ou indiretamente, fazem o papel de mãe ou pai na vida das crianças.
A ideia surgiu ainda em 2015, quando o diretor Denys Munhoz reparou a tristeza
de algumas crianças, que não tinham a quem entregar as lembranças
confeccionadas durante a semana antes do Dia das Mães.” (*)
Quando criança e adolescente, entre as datas importantes que
a escola comemorava, ou que ensinava a comemorar, estavam essas duas. Ainda me
lembro dos cartazes, lembrancinhas, encenações, músicas, enfim, do carinho e
afeto com que confeccionávamos algo especial para eles, os nossos pais. Mas isso
já faz tanto tempo!...
Atualmente, na escola, pelo menos na pública, nem se fala mais
em “Dia dos Pais”. Falar o quê? Falar para quem? Parece que a figura paterna,
aquela que ama, cuida, provê e protege, se tornou artigo de luxo para nossas
crianças. É doloroso ver o número de
alunos que não têm registrado o nome do pai no RG - outro tanto, se tem no registro,
mas não tem no dia a dia, nem nos finais de semana, muito menos no fim do mês,
para garantir o sustento. Trabalhamos com filhos de mães que acumulam os dois
papéis; uma geração de “filhos-sem-pai”; ou, pior, uma geração do “ninguém-quer”,
e por isso estão com a vó, com a tia, ou com alguém que apareceu no caminho,
menos os pais.
Desse modo, a iniciativa de se nomear e de se comemorar de
forma diferente o dia daqueles que, pais ou não, acompanham e cuidam, parece ter
sua lógica. Os tempos mudaram, outra realidade se impõe, e se essa festividade
com uma nova configuração fizer suscitar alegria, gratidão, potencializar afetos, que
seja bem-vinda, muito bem-vinda!
Para mim, que tive (e ainda tenho) pai, não posso ter a
mínima ideia do que significa essa ausência. Mas, por outro lado, posso
perfeitamente descrever o que significa ter uma figura paterna “oito ou oitenta”; enérgico;
bravo; patriarcal; alguém que se preocupava com tal intensidade a
ponto de trabalhar anos a fio sem férias para não deixar faltar o sustento, mas que também era capaz de castigar severamente quem minimamente lhe desobedecesse. Sempre
odiei prisões e imposições sem lógica, e por conta disso, não raras vezes me perguntava se a ausência não seria preferível a esse tipo de presença. Entenda: só sabe o quanto é difícil "não ter" e o quanto é difícil "ter de tal maneira" quem experiencia. Em se tratando de sentimento, não é possível julgar ou mensurar nada.
Hoje, depois de muita estrada, e de uma compreensão diferente
da vida, o que sinto é gratidão. Gratidão a meu pai, pelos seus braços tão
fortes que nos deram o sustento; gratidão pelo que de melhor ele conseguiu ser;
gratidão por tudo de mais difícil que passou, que passamos, e pudemos superar,
pois foi exatamente isso que me fez FORTE. Hoje creio, verdadeiramente, que
tudo tem um propósito, tudo nessa vida é aprendizado. Alegria! Gratidão!
Para finalizar, mas poderia estar no topo desse texto pela
importância que isso tem para mim, deixo registrada a grande DÁDIVA que a vida,
generosamente, me concedeu: ter um filho de alguém que nasceu para ser PAI;
que AMA incondicionalmente o filho; que conversa, responde a cada pergunta, tem
paciência e dá atenção; que BRINCA, muito e tanto com ele; que lhe dedica o melhor
do seu tempo; que o tem como prioridade em sua vida; que se transforma
a cada dia por ele, para o bem dos dois; e a lista poderia ir longe... Estando
com o pai ele está seguro e completo, num amor lindo e recíproco. O que mais eu poderia
esperar na minha vida? Acho que ele é o filho de pais separados mais leve e feliz que conheço. Pais conscientes e verdadeiramente AMIGOS, e ele sente isso.
No próximo domingo, ele irá cantar para o pai, na
programação da escola, e depois vão participar de brincadeiras juntos – costuma
ser um fim de semana depois do dia oficial, para que as famílias comemorem, primeiro,
com os filhos em casa. Durante a semana, ele vinha cantarolando a música
especial no carro, e tentando me ensinar... Coisa mais linda é o amor de um
filho para com o pai. Na verdade, é apenas o retorno, o reflexo, espontâneo, de
tudo que ele tem recebido do PAI que tem – e que eu tenho a sorte de ver na
vida dele. Imensa gratidão!!!
(*) A reportagem pode ser lida na íntegra acessando a página:
https://www.educacao.sp.gov.br/noticia/boas-praticas/cuida-de-mim-o-projeto-que-reconhece-importancia-de-quem-educa/