Edleuza

Por várias razões, aprendi a dirigir tarde, com trinta e poucos anos, e no lugar mais tranquilo possível para se fazer isso, a capital de São Paulo. Passei por tudo o que normalmente uma pessoa passa no estágio de aprendiz: frio no estômago, medo de bater em outro carro, medo que batessem em mim, sensação de que o carro não caberia de jeito nenhum naquela rua apertada ou entre os carros estacionados... Tive a certeza de que não iria conseguir. Mas consegui.

O segundo estágio, esse, que a gente já tem a carteira na mão, transcorreu com a regularidade do evento: um sufoco! Pesadelo que se repetia à noite como um filme, o carro sem freio e cruzando a avenida; joelhos que não paravam de tremer ao pegar o trânsito tranquilo e calmo do horário de pico. Comecei a ir de madrugada para a escola, só para fugir dos carros e minimizar o medo. Já na volta!... Ai, meu Deus! Foram várias as histórias, mas sem nenhuma tragédia, ainda bem.

Hoje me lembro disso e dou risada sozinha, porque depois que passa, parece muito simples e engraçado!...

Não é curioso como alguns aprendizados na vida, especialmente os emocionais, se parecem com esse, o de dirigir? Há coisas que você quer (ou precisa, ou deve) aprender, e não dá para ser de outro jeito, você tem que ficar DENTRO do carro, tem que sentir na pele a situação. Só assim aprenderá. Simulações não existem nesse caso.
Seria tão mais fácil se a gente pudesse puxar o freio de mão, abrir a porta e sair correndo... Não dá. Sem a vivência, não dá para saber, não dá para amadurecer o tanto que precisa. Jamais aprenderia a enfrentar o medo da dor, o medo de ser. Se descer do carro, você não poderá experimentar a sensação incrível do “consegui!”, do “enfim, agora sei” - e de olhar para trás, depois do processo, do tempo necessário, e sentir-se orgulhosa de si mesma.


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