
"Se o homem soubesse o valor que tem, a mulher sairia correndo à sua procura".
em 15/03/2009. Produzi esse texto numa prova de vestibular que prestei, no início deste ano. Estou publicando-o novamente (com algumas modificações) apenas para facilitar a localização.

Esse mundo de sons, cores e flashes, no entanto, com suas soluções rápidas e prontas, desperta-nos, no mínimo, preocupação.
Por conta da facilidade com que tudo lhes é oferecido, muitos não desenvolvem o senso crítico, não se posicionam como sujeitos de sua própria história no mundo em que estão inseridos, não leem com autonomia seu tempo, não produzem suas próprias concepções e declaram-se, ainda que inconscientemente, peças, a serem manipuladas por uma minoria.
E tudo isso porque, ao contrário das máquinas, não é possível "instalar" nessa geração um "programa virtual" que lhe possibilite fazer conexões coerentes entre palavras, idéias e contexto - tais habilidades e competências não se conseguem num clique, são adquiridas, gradativamente, por meio de um processo educacional sistemático e eficiente.
Solução? Um caminho possível (e urgente!) seria o investimento maciço em educação de qualidade, especialmente no nível básico/fundamental. Aí, sim, a tecnologia viria como uma aliada à formação do SER, e não como um fim em si mesma, atalho rápido ao TER. Contribuiria para a formação do ser realmente pensante - característica tão necessária nos dias de hoje, das telas cada vez mais planas e das leituras nada, nada plenas...
Como lembra muito bem a professora Gerusa, no campo do conhecimento temos a tendência de não gostar daquilo que não sabemos. A partir do momento que passamos a entender o porquê das coisas, a relação fica, senão apaixonante, pelo menos mais amistosa.
É o que acontece com o uso da vírgula: à medida que vamos nos aproximando mais dela, olhando-a melhor nos olhos, conhecendo-a mais de perto... vamos compreendendo a importância de sua presença para a produção de sentido na comunicação escrita.
Veja só como é simples mais esse caso de uso obrigatório:
Ele gosta de sorvete e eu gosto de chocolate.
Ele gosta de sorvete e eu, de chocolate.
- Paulo, você leva os violinos; Júlia leva as partituras.
- Paulo, você leva os violinos; Júlia, as partituras.

é o desenho do vento
Outra,
o mar em movimento
Uma
é asas nas mãos
Outra,
flor, singela, em botão
Uma
é arco-íres desbotado
Outra,
brilho intenso, sol dourado
Uma
é ilha perdida
Outra,
encontro, idas e vindas
Uma
é
Outra
quando as duas se encontram e formam o meu EU.
(Márcia Martins dos Santos - Letras, 1993)


30º C ou mais
Baianos vão à praia, dançam, cantam e comem acarajé.
Cariocas vão à praia e jogam futebol.
Mineiros comem um “queijin” na sombra.
Todos os paulistas estão no litoral e enfrentam 2 horas de fila nas padarias e supermercados da região.
Curitibanos esgotam os estoques de protetor solar e isotônicos da cidade.
25ºC
Baianos não deixam os filhos saírem ao vento após às 17 horas.
Cariocas vão à praia, mas não entram na água.
Mineiros comem um feijão tropeiro.
Paulistas fazem churrasco nas suas casas do litoral, poucos ainda entram na água.
Curitibanos reclamam do calor e não fazem esforço devido ao esgotamento físico.
20ºC
Baianos mudam os chuveiros para a posição “Inverno” e ligam o ar quente das casas e veículos.
Cariocas vestem um moletom.
Mineiros bebem pinga perto do fogão à lenha.
Paulistas decidem deixar o litoral, começa o trânsito de volta para casa.
Curitibanos tomam sol no parque.
15ºC
Baianos tremem incontrolavelmente de frio.
Cariocas se reúnem para comer fondue de queijo.
Mineiros continuam bebendo pinga perto do fogão à lenha.
Paulistas ainda estão presos nos congestionamentos na volta do litoral.
Curitibanos dirigem com os vidros abaixados.
10ºC
Decretado estado de calamidade na Bahia.
Cariocas usam sobretudo, cuecas de lã, luvas e toucas.
Mineiros continuam bebendo pinga e colocam mais lenha no fogão.
Paulistas vão às pizzarias e shopping centers com a família.
Curitibanos botam uma camisa de manga comprida.
5ºC
Bahia entra no Armagedon.
César Maia lança a candidatura do Rio para as olimpíadas de inverno.
Mineiros continuam bebendo pinga e quentão ao lado do fogão à lenha.
Paulistas lotam hospitais e clínicas devido a doenças causadas pela inversão térmica.
Curitibanos fecham as janelas de casa.
0ºC
Não existe mais vida na Bahia.
No Rio, César Maia veste sete casacos e lança o “Ixxnoubórdi in Rio”.
Mineiros entram em coma alcoólico ao lado do fogão à lenha.
Paulistas não saem de casa e dão altos índices de audiência a Gilberto Barros, Gugu Liberato, Luciana Gimenes e Silvio Santos.
Curitibanos fazem um churrasco no pátio, antes que esfrie.