Edleuza

Universidade Federal do Rio de Janeiro substitui vestibular pelo Sisu


A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) não terá mais vestibular para ingresso na instituição. Os alunos serão selecionados a partir de agora com base nas notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Por um placar folgado, a medida foi aprovada nesta quinta-feira (30) pelo Conselho Universitário (Consuni). Os representantes dos estudantes foram contra.

A medida foi tomada numa tentativa de facilitar o acesso à universidade e acabar com o vestibular. Por isso, o conselho também estabeleceu que subirá de 20% para 30% o percentual de vagas em cada curso destinado a estudantes com renda per capita de um salário mínimo e que tenham feito o ensino médio em escolas públicas. O critério de cotas raciais foi, mais uma vez, reprovado.


"Adotando o Sisu [Sistema de Seleção Unificada], as universidades públicas podem funcionar em sistema, inclusive participando da elaboração e da aplicação do Enem", disse o reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira, autor da proposta. Com a mudança, ele acredita que será mais fácil negociar em bloco com o governo federal.














Para Marcelo Paixão, representante do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas no Consuni, o aumento do percentual foi um ganho. Segundo ele, as cotas com critério de renda são a única forma de assegurar a entrada de estudantes menos favorecidos na universidade. "É evidente que o sistema [de ingresso] é elitista, seja pelo vestibular tradicional, ou pelo Sisu."


O Diretório Central do Estudantes (DCE) Mário Prata foi contra a adesão ao Sisu e explicou que, no novo sistema, continuarão predominando estudantes de escolas particulares. "O fim do vestibular não significa o fim das desigualdades", disse Júlio Anselmo, representante do DCE. Para ele, o Sisu continua favorecendo alunos que conseguiram pagar por um ensino melhor ou um curso preparatório para alcançar uma boa nota no sistema.


Dados recentes da UFRJ mostram que, mesmo com a ação afirmativa, no primeiro semestre deste ano, 61,34% dos 4,8 mil estudantes aprovados eram oriundos de escolas particulares. Em seguida, estavam os que cursaram o ensino médio na rede federal (20,7%).


De acordo com o Ministério da Educação, 83 universidades públicas aderiram ao Sisu como processo de seleção para o primeiro semestre deste ano. Para 2012, 48 instituições confirmaram a participação.


Fonte: Agência Brasil (Publicado em 30.06.2011, às 17h34)

http://ne10.uol.com.br/canal/educacao/noticia/2011/06/30/universidade-federal-do-rio-de-janeiro-substitui-vestibular-pelo-sisu-280468.php



Uma notícia dessas merece atenção. Se por um lado ecoa como oportunidade e esperança pra muita gente, por outro, é preciso ficar atento ao impacto que tal decisão pode causar... Possibilidade de um novo público não tão preparado quanto o advindo do vestibular? É possível. E muito. Caso isso ocorra, já se prevê um plano de recuperação/adaptação desse novo estudante ao nível de exigência acadêmica?


Não que eu seja a favor do vestibular com a configuração injusta - e até cruel - com que se apresenta atualmente, mas o que se espera, diferentemente de muitas instituições particulares por aí, é o casamento da oportunidade com as devidas condições de trabalho, tanto para o aluno quanto para o professor - não são poucos os casos de estudantes de cetenas de cursos de graduação com dificuldade para compreender textos básicos de suas áreas, e produzir, então, nem se fala...


Resta-nos observar como será conduzido esse (importante) processo de mudança.



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4 Responses
  1. Edleuza,

    Cabe uma pergunta. Como fica o despreparado aluno oriundo do falido ensino público, com que nota ele irá disputar seu acesso à universidade, com o aluno preparado por professores melhor qualificado das escolas particulares?

    Numa sala com 40 acadêmicos de engenharia, teremos 28 alunos oriundos de escolas particulares que disputaram suas vagas competindo com os melhores candidatos que tiveram acesso a livros, internet e exigência à qualidade do ensino. Teremos 12 alunos oriundos de escolas públicas cujo ensino há muito foi declarado falido e sem acesso à informações complementares que disputaram suas vagas com alunos que, em igualdade de condições não alcançariam nunca a média dos 28 colegas. O que fará a universidade, baixará o nível de ensino para nivelar por baixo? Não vejo outra solução, pois elevar nível de quem não tem é impossível.
    Edleuza, me responda como professora desapaixonada.


  2. Edleuza Says:

    Olá, Altamirando! É muito bom ter sua presença aqui de novo.

    Vou tentar responder sem muita paixão, aliás, hoje em dia, depois de alguma experiência, estou mais racional mesmo...

    Falo do lugar de uma professora que já vivenciou os dois lados, o do ensino particular, durante anos, e do público, atualmente. A meu ver, estamos diante uma crise educacional/social/familiar absolutamente preocupante: grande parte de nossos alunos de escola pública hoje, desde o ensino fundamental até o médio, vem para a escola sem o mínimo de limites, civilidade, respeito... e essa situação não se limita às grandes cidades, é geral. Ao contrário das famílias de baixa renda de algumas décadas atrás (nas quais me incluo), essas criaturas não têm responsáveis que (literalmente) os eduque em casa, não têm acompanhamento nenhum nas atividades escolares, não dão valor ao que recebem gratuitamente na escola... é INACREDITÁVEL a que ponto chegamos.

    Esses alunos, muitas vezes sem condição nenhuma, passam para a série seguinte sem mérito algum, por conta de um Sistema educaional equivocado a que estamos submetidos.

    E assim, para os que concluem o ensino médio,independentemente do nível acadêmico que possuem, encontram as portas de inúmeras faculdades particulares bem abertas e convidativas... basta pagar. Em muitas delas, você não faz ideia do "nível" dos trabalhos de TCC, por exemplo, que também são aprovados no final do curso (como professora de graduação, pude ver isso bem de perto). Algumas instituições até que tentam oferecer algum tipo de "recuperação"... o que não resolve, já que ler e escrever com o mínimo de competência, por exemplo, é uma questão de processo, e como tal, exigem tempo e ação sistemática.

    É por essas e outras que vejo com preocupação a possibilidade de se baixar o nível de exigência nas instituições públicas de ensino superior, sem que seja previsto um plano para se lidar com a realidade da defasagem de nossos alunos. Defasagem essa que, em muuuuiiiitas escolas de nosso país, tem mais a ver com a falta de esforço, interesse e valorizção do que com dificuldade de aprendizagem (você não imagina quanto material ótimo os alunos têm à disposição, e não valorizam; quantos professores bons tentam fazer, ainda que individualmente, projetos significativos, e a resistência é grande).

    Claro que sempre haverá aqueles alunos que, independentemente das tendências e condições acabam encontrando seu caminho.

    Como falei, sou contra o vestibular na configuração atual: o candidato tem que saber muito sobre tudo, o que não me parece justo. Mas não concordo com a maneira como as ações parecem estar sendo conduzidas.

    Continuo na observação.


  3. Por isso já temos advogados varrendo ruas. Para ser um operador de qualquer máquina se exige conclusão de segundo grau, mesmo que esta máquina seja um carrinho de mão. Pode não saber as quatro operações aritiméticas e nem saber ler, mas tem que ter o diploma de segundo grau. Daqui a pouco a exigência sobe para o doutorado. Veja que o "analfalula" recebeu da Universidade de Coimbra(Por) o título de "Doutor Honoris Causa". Pois é...


  4. Anônimo Says:

    oi adorei


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